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Há perigo em arrematar imóvel com dívidas? Como funciona leilão de imóveis?

  • Foto do escritor: Thales de Menezes
    Thales de Menezes
  • 31 de mar.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 10 de abr.


Há Perigo em Arrematar Imóvel com Dívidas? Como Funciona Leilão de Imóveis?

Os leilões de imóveis têm atraído cada vez mais interessados no Brasil, seja pela possibilidade de adquirir propriedades a preços abaixo do mercado, seja como forma de investimento. No entanto, uma dúvida comum é: há perigo em arrematar um imóvel com dívidas? Além disso, entender o funcionamento dos leilões é essencial para evitar surpresas. Como advogado imobiliário, explico neste texto como funcionam os leilões de imóveis, os riscos envolvidos, especialmente relacionados a dívidas, e como se proteger ao participar desse processo.

O que é um leilão de imóveis?

Um leilão de imóveis é um processo público no qual propriedades são ofertadas para venda ao maior lance, geralmente por determinação judicial ou extrajudicial. Ele ocorre em duas modalidades principais:

  • Leilão judicial: Resulta de processos judiciais, como execuções fiscais, ações trabalhistas ou falências. O imóvel é penhorado para quitar dívidas do proprietário, e o valor arrecadado é destinado aos credores.

  • Leilão extrajudicial: Comum em casos de inadimplência de financiamentos imobiliários, quando bancos ou instituições financeiras retomam o imóvel com base na Lei nº 9.514/1997 (alienação fiduciária).

Os leilões podem ser presenciais, online ou híbridos, e são conduzidos por leiloeiros oficiais, que publicam os detalhes no edital do leilão, documento essencial que contém informações sobre o imóvel, lances mínimos, condições de pagamento e eventuais dívidas.

Como funciona o processo de leilão? Como Funciona Leilão de Imóveis?

Participar de um leilão exige atenção a cada etapa:

  1. Pesquisa e escolha do imóvel:

    • Os imóveis disponíveis são anunciados em sites de leiloeiros, tribunais de justiça ou instituições financeiras. É importante ler o edital, que descreve o estado do imóvel, localização, valor de avaliação e lance inicial.

    • Verifique se há fotos, laudos ou vistorias disponíveis. Alguns leilões permitem visitas prévias, mas nem sempre isso é possível.

  2. Habilitação:

    • Para dar lances, o interessado deve se cadastrar no site do leiloeiro ou comparecer ao local do leilão, apresentando documentos pessoais e, em alguns casos, comprovantes financeiros.

    • Em leilões online, a habilitação exige registro prévio e aceite das regras.

  3. Lance e arrematação:

    • Os lances são feitos em tempo real, e vence quem oferecer o maior valor acima do lance mínimo. O pagamento pode ser à vista ou parcelado, conforme o edital.

    • Após a arrematação, o leiloeiro emite a carta de arrematação, documento que comprova a compra e permite a transferência do imóvel.

  4. Regularização:

    • Com a carta de arrematação, o comprador deve registrar o imóvel em seu nome no cartório de imóveis. Em leilões judiciais, pode ser necessário um mandado judicial para a imissão na posse (entrada no imóvel).

Riscos de arrematar imóveis com dívidas

Um dos maiores receios de quem participa de leilões é herdar dívidas do imóvel. Esse risco existe, mas pode ser minimizado com cuidado e análise prévia. Aqui estão os principais pontos a considerar:

  • Dívidas imobiliárias:

    • IPTU e condomínio: Em muitos casos, dívidas de IPTU e taxas condominiais anteriores à arrematação recaem sobre o novo proprietário, conforme o artigo 1.345 do Código Civil. No entanto, alguns editais especificam que essas dívidas serão quitadas com o valor do leilão, então é crucial verificar essa informação.

    • Hipotecas e penhoras: Em leilões judiciais, dívidas garantidas por hipoteca ou penhora geralmente são extintas com a arrematação, pois o imóvel é vendido livre de ônus (artigo 619 do CPC). Já em leilões extrajudiciais, como os de alienação fiduciária, o imóvel costuma ser entregue sem dívidas do financiamento.

  • Dívidas pessoais do antigo proprietário:

    • Dívidas trabalhistas, fiscais ou cíveis do antigo dono não são transferidas ao arrematante, desde que a compra seja feita em leilão judicial. O valor arrecadado é usado para pagar os credores, e o imóvel é transferido sem pendências desse tipo.

  • Outros riscos:

    • Ocupação do imóvel: Muitos imóveis arrematados estão ocupados por terceiros (ex.: antigo proprietário ou inquilinos). A desocupação pode exigir ações judiciais, como reintegração de posse, o que gera custos e demora.

    • Estado físico do imóvel: Como a vistoria nem sempre é possível, o comprador pode encontrar o imóvel em más condições, exigindo reformas inesperadas.

    • Nulidade do leilão: Se houver irregularidades no processo (ex.: falta de intimação do devedor), o leilão pode ser anulado, embora isso seja raro.

Como se proteger ao arrematar um imóvel?

Para minimizar os riscos, siga estas recomendações:

  1. Leia o edital com atenção:

    • O edital é o “manual” do leilão. Ele informa se há dívidas pendentes, quem será responsável por elas e as condições de entrega do imóvel.

  2. Consulte a matrícula do imóvel:

    • Solicite a certidão atualizada da matrícula no cartório de imóveis para verificar se há hipotecas, penhoras ou outros ônus. Isso ajuda a confirmar se o imóvel será entregue livre de gravames.

  3. Pesquise o histórico do imóvel:

    • Contrate um advogado ou corretor especializado para analisar o processo judicial (em leilões judiciais) ou o contrato de financiamento (em leilões extrajudiciais). Isso evita surpresas com dívidas ou litígios.

  4. Verifique a ocupação:

    • Se o imóvel estiver ocupado, avalie os custos e o tempo necessário para a desocupação. Em alguns casos, negociar com os ocupantes pode ser mais rápido que uma ação judicial.

  5. Planeje o pagamento:

    • Considere o valor total, incluindo taxas do leiloeiro (geralmente 5% do lance), impostos de transmissão (ITBI) e eventuais dívidas residuais.

  6. Conte com assessoria jurídica:

    • Um advogado imobiliário pode revisar documentos, acompanhar o leilão e orientar sobre a regularização, garantindo maior segurança.

Vantagens de comprar em leilão

Apesar dos riscos, os leilões oferecem benefícios significativos:

  • Preços atrativos: Imóveis podem ser arrematados com descontos de 30% a 50% em relação ao valor de mercado.

  • Transparência: Leilões judiciais são regulados por normas rigorosas, e os extrajudiciais seguem a Lei de Alienação Fiduciária.

  • Oportunidade de investimento: Imóveis bem escolhidos podem ser revendidos ou alugados com boa rentabilidade.

Conclusão

Arrematar um imóvel em leilão pode ser uma excelente oportunidade, mas exige cautela, especialmente em relação a dívidas. IPTU e condomínio podem ser transferidos ao comprador, enquanto dívidas pessoais do antigo dono geralmente não são herdadas. O segredo para uma compra segura está em ler o edital, verificar a matrícula, planejar os custos e contar com assessoria especializada. Com diligência, é possível adquirir um imóvel com preço vantajoso e sem surpresas desagradáveis, transformando o leilão em uma estratégia inteligente de investimento.

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