Tudo que sobre: Despejo por falta de pagamento. Advogado imobiliĂĄrio explica.
- Thales de Menezes
- 30 de mar.
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de ago.
O despejo por falta de pagamento Ă© uma das situaçÔes mais delicadas no mercado de locação de imĂłveis no Brasil, gerando dĂșvidas tanto para locadores quanto para locatĂĄrios. Esse procedimento, previsto na Lei do Inquilinato (Lei nÂș 8.245/1991), ocorre quando o inquilino deixa de pagar o aluguel ou encargos, permitindo ao proprietĂĄrio recorrer Ă Justiça para reaver o imĂłvel. Como advogado imobiliĂĄrio, explico neste texto o que Ă© o despejo por falta de pagamento, como funciona o processo, os direitos e deveres das partes e dicas para evitar conflitos ou se defender.
Assista o vĂdeo abaixo para saber mais sobre esse tema:
O que Ă© despejo por falta de pagamento?
O despejo por falta de pagamento Ă© uma ação judicial movida pelo locador (proprietĂĄrio) contra o locatĂĄrio (inquilino) que nĂŁo cumpre com as obrigaçÔes financeiras do contrato de locação, como o pagamento do aluguel, IPTU, condomĂnio ou outras taxas previstas. A Lei do Inquilinato, no artigo 59, estabelece que a falta de pagamento Ă© motivo suficiente para o despejo, mas o processo deve seguir regras especĂficas para garantir os direitos de ambas as partes.
Essa ação pode ser combinada com a cobrança de valores devidos, como aluguéis atrasados, multas e encargos, tornando o procedimento mais abrangente. O objetivo principal é recuperar o imóvel e, quando aplicåvel, receber os pagamentos pendentes.
Como funciona o processo de despejo?
O despejo por falta de pagamento segue um rito judicial especĂfico, geralmente no Ăąmbito de uma ação de despejo com cobrança de aluguĂ©is. Aqui estĂĄ o passo a passo:
Notificação extrajudicial:
Antes de ingressar com a ação, o locador deve notificar o inquilino (por escrito, preferencialmente via cartório) exigindo o pagamento dos valores devidos em até 30 dias. Essa notificação é essencial para comprovar a tentativa de solução amigåvel e evitar questionamentos judiciais.
Caso o inquilino quite a dĂvida nesse prazo, o contrato Ă© mantido, e o despejo nĂŁo prossegue.
Ação judicial:
Se o pagamento nĂŁo for realizado, o locador, com auxĂlio de um advogado, entra com a ação de despejo na Justiça. A petição inicial deve incluir o contrato de locação, comprovantes de inadimplĂȘncia (ex.: recibos nĂŁo pagos) e a notificação extrajudicial.
O juiz pode conceder uma liminar de despejo (artigo 59, §1Âș da Lei do Inquilinato) para retirada imediata do inquilino, desde que o locador preste caução (garantia de trĂȘs meses de aluguel) e o contrato nĂŁo tenha garantia locatĂcia (ex.: fiador ou seguro fiança). A liminar costuma ser emitida em 15 dias.
Defesa do inquilino:
O inquilino Ă© intimado para apresentar defesa em atĂ© 15 dias. Ele pode contestar a dĂvida, alegar pagamento ou negociar um acordo. Uma opção comum Ă© a purga da mora, ou seja, quitar todos os dĂ©bitos (aluguĂ©is, multas, custas processuais) para suspender o despejo, desde que isso ocorra antes da sentença.
Sentença e execução:
Se o inquilino não pagar ou a defesa for rejeitada, o juiz determina o despejo, fixando um prazo (geralmente 30 dias) para a desocupação voluntåria. Caso o imóvel não seja entregue, o despejo é executado com apoio de oficial de justiça, podendo envolver força policial.
Os valores devidos sĂŁo cobrados em paralelo, podendo levar Ă penhora de bens do inquilino ou fiador, se houver.
Direitos e deveres das partes
Locador:
Tem o direito de exigir o pagamento pontual e reaver o imĂłvel em caso de inadimplĂȘncia.
Deve respeitar os prazos legais, notificar o inquilino corretamente e evitar açÔes arbitrårias, como cortar ågua, luz ou trocar fechaduras (pråticas ilegais que podem gerar indenização por danos morais).
LocatĂĄrio:
Pode evitar o despejo pagando a dĂvida na fase extrajudicial ou por meio da purga da mora no processo judicial.
Tem direito a um processo justo, com oportunidade de defesa e negociação.
Deve manter o imóvel em boas condiçÔes e cumprir o contrato para evitar complicaçÔes.
Fiador:
Se o contrato prever fiador, ele pode ser acionado para pagar a dĂvida caso o inquilino nĂŁo quite os dĂ©bitos, conforme artigo 12 da Lei do Inquilinato. O fiador tambĂ©m tem direito a defesa e pode buscar ressarcimento contra o inquilino.
Riscos e cuidados no processo
O despejo por falta de pagamento envolve riscos para ambas as partes:
Para o locador: Atrasos no processo judicial (que pode durar meses) e custos com advogado, custas processuais e caução. AlĂ©m disso, se o inquilino quitar a dĂvida, o despejo Ă© suspenso, o que pode frustrar a intenção de recuperar o imĂłvel rapidamente.
Para o locatĂĄrio: AlĂ©m da perda do imĂłvel, a inadimplĂȘncia pode levar a restriçÔes financeiras, como negativação em cadastros de crĂ©dito (SPC/Serasa) e penhora de bens. O despejo tambĂ©m pode gerar custos com mudança e dificuldade para alugar outro imĂłvel.
Para evitar problemas:
Locadores devem contratar garantias locatĂcias (fiador, caução ou seguro fiança) e monitorar os pagamentos regularmente.
Locatårios devem priorizar o diålogo com o proprietårio ao primeiro sinal de dificuldade financeira, buscando acordos antes que a situação chegue à Justiça.
Alternativas ao despejo
Antes de recorrer ao despejo, ambas as partes podem explorar soluçÔes amigåveis:
Negociação direta: O locador pode oferecer descontos ou parcelamento da dĂvida, enquanto o inquilino pode propor prazos para regularizar os pagamentos.
Mediação: Um mediador ou advogado pode facilitar um acordo, evitando custos judiciais.
RescisĂŁo consensual: Se o inquilino nĂŁo puder continuar no imĂłvel, as partes podem encerrar o contrato sem litĂgio, definindo como quitar eventuais dĂ©bitos.
Quando buscar um advogado imobiliĂĄrio?
A assessoria jurĂdica Ă© indispensĂĄvel em açÔes de despejo, seja para o locador (elaborar notificaçÔes, ingressar com a ação e garantir a liminar) ou para o locatĂĄrio (negociar, apresentar defesa ou purgar a mora). Um advogado especializado ajuda a reduzir prazos, evitar erros processuais e proteger os direitos de cada parte.
ConclusĂŁo
O despejo por falta de pagamento Ă© um mecanismo legal para proteger o locador, mas exige paciĂȘncia e respeito Ă s normas da Lei do Inquilinato. Para o inquilino, a inadimplĂȘncia pode ter consequĂȘncias graves, mas hĂĄ caminhos para evitar o despejo, como a purga da mora ou acordos. A chave para resolver esses conflitos estĂĄ na comunicação prĂ©via, na escolha de garantias adequadas e no suporte de um advogado imobiliĂĄrio. Com planejamento e informação, locadores e locatĂĄrios podem minimizar os impactos financeiros e emocionais, encontrando soluçÔes justas e eficazes.




